Compliance Zero: veja o que disseram os alvos da operação que investiga fraudes financeiras
19/11/2025
(Foto: Reprodução) PF começa a analisar documentos apreendidos durante operação contra fraude no Banco Master
A operação Compliance Zero, realizada nesta terça-feira (18) pela Polícia Federal contra esquema de fraudes financeiras, resultou em sete prisões – cinco preventivas e duas temporárias.
Os policiais investigam a venda de títulos de crédito falsos pelo Banco Master, que emitia Certificados de Depósito Bancário (CDBs) com a promessa de pagar ao cliente até 40% acima da taxa básica do mercado. Retorno considerado irreal pelas autoridades.
Segundo o diretor da PF, Andrei Rodrigues, as fraudes podem chegar a R$ 12 bilhões.
Os presos preventivamente, ou seja, sem prazo previsto para serem liberados, são:
Daniel Bueno Vorcaro, presidente do Banco Master;
Augusto Ferreira Lima, ex-CEO e sócio do Master;
Luiz Antônio Bull, diretor de Riscos, Compliance, RH, Operações e Tecnologia do Master;
Alberto Felix de Oliveira Neto, superintendente executivo de Tesouraria do Master;
Ângelo Antônio Ribeiro da Silva, sócio do Master.
Já os presos temporariamente, por três dias, são:
André Felipe de Oliveira Seixas Maia, diretor de empresa envolvida no esquema;
Henrique Souza Silva Peretto, sócio de empresa envolvida no esquema.
Além das prisões, o juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal de Brasília, determinou o afastamento dos cargos, por 60 dias, de:
Paulo Henrique Costa, presidente do Banco de Brasília (BRB);
Dario Oswaldo Garcia, diretor financeiro do BRB.
Isso porque o BRB injetou R$ 16,7 bilhões no Master entre 2024 e 2025. Desses, pelo menos R$ 12,2 bilhões envolvem operações em que há fortes indícios de fraude.
Além disso, essas transações aconteceram no mesmo período em que o BRB tentava comprar o próprio Banco Master – e convencer os órgãos de fiscalização de que a transação era viável e não geraria risco aos acionistas do BRB, incluindo o governo do Distrito Federal.
Nesta reportagem, o g1 reúne o que as defesas dos principais suspeitos e as instituições financeiras afirmaram sobre a operação Compliance Zero (clique no nome para seguir à manifestação):
Daniel Bueno Vorcaro, presidente do Banco Master
Augusto Ferreira Lima, ex-CEO e sócio do Master
Paulo Henrique Costa, presidente do BRB
Banco de Brasília (BRB)
Daniel Vorcaro, preso em operação contra fraudes em banco
Reprodução
Daniel Vorcaro, presidente do Banco Master
A defesa de Vorcaro afirma que se colocou à disposição para cooperar com as investigações. Veja a íntegra da nota enviada à imprensa:
"Daniel Vorcaro, controlador do Banco Master, que foi detido na noite de ontem em Guarulhos, constituiu uma equipe de advogados que cuidarão de sua defesa. Vorcaro anunciou ontem a venda da instituição e tinha plano de voo a Dubai para se encontrar com os compradores.
No mesmo dia, advogados, por ele e pelo Banco Master, colocaram-se, como já haviam feito antes, à disposição para cooperar com as autoridades, prover informações, participar de audiências, inclusive com a presença de Vorcaro".
Voltar ao início
Augusto Ferreira Lima, preso na operação Compliance Zero
Reprodução/Instagram Flávia Péres
Augusto Ferreira Lima, ex-CEO e sócio do Master
A defesa de Augusto Lima disse ter recebido a informação da operação Compliance Zero com surpresa e que o cliente já havia se desligado das funções no Master em maio de 2024. Veja a íntegra:
"A defesa de Augusto Lima informa que recebeu com absoluta surpresa a operação deflagrada nesta data. Augusto Lima já havia se desligado definitivamente de todas as suas funções executivas no Banco Master em maio de 2024.
As operações atualmente investigadas são posteriores à sua saída e, portanto, não guardam qualquer relação com sua atuação profissional ou com decisões tomadas durante sua permanência na instituição.
Augusto Lima possui histórico ilibado, reconhecido no mercado financeiro e sua atuação sempre foi pautada pela legalidade, transparência e responsabilidade. A defesa tem plena confiança de que a apuração demonstrará a absoluta inexistência de vínculo entre Augusto Lima e as operações objeto da investigação".
Voltar ao início
Presidente afastado do BRB, Paulo Henrique Costa
Lúcio Bernardo Jr/Agência Brasília
Paulo Henrique Costa, presidente afastado do BRB
Paulo Henrique Costa divulgou nota em que diz que a investigação da PF é "legítima, necessária e positiva" para o sistema financeiro.
Ele afirmou que aquisições de carteiras são tradicionais no mercado e que o BRB substituiu a grande maioria de carteiras adquiridas do Master. E que adotou uma série de medidas para preservar o banco público. E se comprometeu a cooperar com as apurações. Veja a íntegra
"Diante dos acontecimentos desta terça-feira (18), que envolvem operações da Polícia Federal, venho a público manifestar que:
Toda investigação conduzida pelas autoridades competentes é legítima, necessária e positiva para o fortalecimento das instituições e para assegurar a transparência no sistema financeiro. É fundamental atuar com transparência e dentro da mais estrita legalidade em todas as esferas da administração pública.
Aquisições de carteiras são operações tradicionais do mercado financeiro. No caso do Banco Master, o BRB identificou, no primeiro quadrimestre, divergências documentais em parte das operações, comunicou o fato ao Banco Central do Brasil e promoveu, em sua grande maioria, a substituição dessas carteiras.
Após a identificação dessas questões, a atuação do BRB consistiu na com revisão da documentação, reforço de controles e ajustes de processos, medidas adotadas para mitigar riscos e preservar a instituição.
Reitero meu compromisso de cooperar integralmente com as autoridades e de disponibilizar todas as informações necessárias para o completo esclarecimento dos fatos. Zelo pela transparência e pela legalidade em todas as minhas ações e confio que a apuração trará os devidos esclarecimentos.
Atenciosamente,
Paulo Henrique Costa".
Voltar ao início
Fachada do BRB em Brasília
Jornal Nacional/ Reprodução
Banco de Brasília (BRB)
O BRB divulgou nota para esclarecer que não foi alvo de bloqueio de bens na operação Compliance Zero, mantém suas operações normalmente e que tem compromisso com a transparência, a legalidade e o cumprimento rigoroso de normas. Veja a íntegra:
"O BRB esclarece que não é alvo de bloqueio de bens no âmbito da Operação Compliance Zero. Informações divulgadas por veículos de imprensa afirmaram que a Justiça Federal teria determinado o bloqueio de R$ 12,2 bilhões pertencentes ao Banco de Brasília.
No entanto, decisão da 10ª Vara Federal de Brasília, desta data, expressamente retifica despacho anterior para excluir o Banco BRB das medidas de constrição patrimonial. Conforme o texto da decisão:
“Retifico a decisão (…) para excluir o Banco Regional de Brasília (…) das medidas de constrição patrimonial referentes ao bloqueio do montante total de R$ 12,2 bilhões de suas contas, uma vez que a eventual responsabilidade de seus dirigentes (pessoas físicas) não se confunde com a da pessoa jurídica, a qual figura como instituição financeira.”.
O Banco ressalta que não há qualquer bloqueio de bens ou valores da instituição, sendo as medidas aplicadas exclusivamente a pessoas físicas investigadas e a outras instituições mencionadas nos autos.
O BRB reforça seu compromisso com a transparência, a legalidade e o cumprimento rigoroso das normas que regem o sistema financeiro nacional.
BRB - Banco de Brasília".
Voltar ao início.
Sede do Banco Master na Faria Lima, em SP
Reuters/Amanda Perobelli